segunda-feira, 19 de abril de 2010

. Suspiro .




Eu estou com um salto enorme. Ele me faz lembrar que se estivesse com você, você ainda seria mais alto. Suspiro. Deve ser o centésimo do dia. O celular da senhora do lado toca. Eu lembro que se o meu tivesse tocado hoje eu poderia estar sorrindo com você. Suspiro. Vejo casais passando, olhando as vitrines e lembro da roupa que você usava há dois dias atrás e do teu perfume. Uma calça jeans, um sapatênis e uma pólo verde. Tão lindo. Suspiro. Sentada, sozinha no meio do shopping, eu estudo para a prova da semana. O tema: casamento. Suspiro. De repente me vejo lembrando do teu jeito de mexer no cabelo e fechar os olhinhos ao sorrir. E como que no automático me vem uma frase na cabeça “não eram nossos sonhos pequenos demais. As pessoas nas quais depositamos a realização deles é que eram pequenas.” Ou não. E se nessa história eu for vilã? Suspiro. Vejo vários amigos tomando cerveja e rindo. Lembro que você abandonou os teus, mandou-os embora para ficar comigo e depois quem te abandonou fui eu. Suspiro. Eu paro e faço um desejo.Suspiro.

“Como num filme no final tudo vai dar certo.
...
Pensa em mim, que eu to pensando em você...”

(Pensa em mim – Alex e Yvan)

. Encostar na tua... .




E eu queria te consumir. Te consumir inteiro, sem desperdiçar.
Queria te dar um pouco de todo esse amor que transborda e jorra querendo sair sem ter pra onde ir. Você era, naquele momento e por toda noite, o rio por onde eu devia correr. Começou tudo com um papo que eu nem lembro, fazendo eu me abrir de uma forma que nunca tive paciência. Um estranho, você. Um abraço, um beijo, nós.
E você fazia cara de neném, de confuso. Não entendia de onde podia surgir uma garota tão fofa e querendo e dando e recebendo carinho assim, numa balada. É. Numa balada de sexta-feira santa. Você não entendia, mas gostava. E mesmo sem me conhecer compreendia toda essa minha necessidade de colo quente. Você me dava colo. E ainda pegou uma água quando eu quis, perguntou se eu queria sentar, se estava cansada. E quando eu sentei você me abriu teus braços, me pegou, me encostou no teu peito e me fez cafuné. É, numa balada.
Você supria tudo q estava faltando. Aos poucos vinha entrando e preenchendo meus buracos. De angústias, de medos, de carências. Era gentil, carinhoso. E era alto. Tão alto que me fazia pequena mesmo em cima dos meus saltos de 15 cm. Me abraçava, eu me encolhia, e era o suficiente para ganhar um beijo na testa. Destes de quem protege. Como a muito eu não tinha. E eu me perguntava como podia. Como você podia, com teus olhos castanhos pequenos que fechavam ao sorrir, ter transformado uma balada, numa noite linda. Mesmo sem saber meu sobrenome.
E eu insistia em entender. Queria perguntar das tuas angústias e dos teus medos. Queria saber o que tinha te transformado em alguém tão carente quanto eu.
Você me fez anotar meu telefone no teu celular. Eu anotei e até agora quero me convencer de que marquei o número errado. Ou de que não salvei. É, porque você não ligou.
E hoje eu me culpo. Me odeio. Por ainda acreditar. Por ter gostado. Por ter esperado você ligar. Poxa, eu não sou mais menina, eu devia ter me protegido, usado a muralha que eu demorei tanto para construir e que já usei com tantos que foram mais do que você. Mas você me quebrou inteira. Como resistir ao teu jeito de menino homem? Como não gostar de carinho? Você foi diferente de todos que foram mais...
Entre tantas diferenças, entre tantas coisas estranhas e boas, entre todos os outros textos este é o primeiro que não sei como terminar. Simplesmente porque ainda quero acreditar que a nossa história não acabou.

“Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua...”
(Ana Carolina)