domingo, 30 de maio de 2010

. O último .






E todas as músicas e letras e pessoas e sonhos e vontade me pedem, quase implorando, para lutar mais um pouco. Eu sou forte e já agüentei tanto, por que não só um pouquinho mais?
Mas eu digo a todos que já agüentei o suficiente e que desistir também é um ato de coragem. E ainda, que estou desistindo por falta de estoque de lágrimas. Amor eu ainda tenho para dar.

Hoje eu deixo para trás todas as promessas de amor eterno, todos os beijos e carinhos trocados. Deixo as melhores noites da minha vida. Deixo os abraços que um dia foram meu salva-vidas e também os olhares que um dia foram minha luz. Deixo teu cheiro, teu gosto, teu calor, teu suor que molhava os lençóis e teu amor. Deixo os momentos felizes e também os angustiantes. Deixo todos os sacrifícios que você fez por mim. Deixo tua dor. Deixo os gritos e os sussurros.

E apesar do mundo gritar para que eu fique, eu também me deixo ir. Sem pensar muito para não sofrer, sem sentir nada para não acordar.

Eu deveria estar dando graças a Deus por este pesadelo estar acabando, mas só de imaginar tudo que está acabando com ele, eu já me encontro no inferno e aqui nenhum Deus me dará graças.

Rezo para que eu não me arrependa, para que não doa muito, para que seja rápido e não muito frio. Porque eu sei que se sentir calor, será você, e me doerá ainda mais não poder voltar. Melhor partir sem olhar para trás. Impossível.

Hoje eu deixo para trás o nosso casamento, a nossa casa bonita, nossos filhos e nossas viagens. Deixo toda uma vida, construída neste mais de um ano da minha vida. E saio sem nada. Nem as lembranças poderão me acompanhar, pois o risco de elas me fazerem gritar é grande e eu quero o silêncio da tua ausência.

Saio até sem um pouco de mim. Você arrancou e não me devolveu. E nem irá. E eu acho também que nem quero. Leve tudo o que é seu.

Ouço pela última vez nossa trilha sonora, tão extensa e cheia de músicas, todas falando o quanto lutamos, o quando batalhamos para ficar juntos, o quanto foi difícil e bom, o quanto eu estou perdendo... Todas românticas com ar melancólico de quem sabe que um dia teria fim. Que não íamos aguentar para sempre como prometemos.

É estranho imaginar que não poderei mais ligar para você de madrugada ou quando a solidão apertar no peito. É estranho pensar que se for preciso você, eu morrerei sem remédio. É estranho encarar esse tesão sem ter você para dividir. É estranho imaginar que daqui a pouco pararei de escrever e fim, tudo estará acabado. Porque nem escrever sobre você eu poderei. E é mais estranho perceber que ninguém nunca ocupará teu lugar. Você sempre terá um lugar dentro de mim para chamar de lar.

E então me desfaço da paz dos teus olhos, da calma do teu sorriso e do ar angelical ao dormir. Me desapego do teu colo quente, do teu conforto. Jogo fora as grades de proteção que você colocou ao meu redor e me vejo nua. Nua de você. Despida desse amor.

O frio começa a surgir como um tsunami pronto para me afogar. Ele vem e destrói tudo me obrigando a te esquecer sem nem poder dizer adeus ou fazer as malas. Sem nem me despedir ou poder correr para um último abraço. Nada vem comigo. A partir de agora serei só eu.

Eis aqui o último. O último romântico. O último texto. O último adeus.

Muitos dariam a vida para não perder um amor assim, tão grande que não cabe em mim, mas eu pedi para você partir. Por mais que contra a minha vontade, eu implorei para me deixar. E então é hora de dizer, entre soluços e lágrimas e desespero e vazio, vá com Deus.

“Adeus, alguém precisava dizer
E esse alguém era eu. Mas com que palavras? Com que coração? De que jeito?
(...)
Não queria te ferir, me perdoa.
Eu tentei, deixei meu coração na tua mão
(...)
É difícil ver o fim, mas tenho que entender
Eu vou seguir sozinha, tentando não sofrer...
... Por você...”


“Não me escondo do medo de não me reerguer do silêncio de uma vida sem você,
De tudo o que faltou ser...
(...)
Se tudo o que sou foi sempre teu, você levou tudo o que eu sabia de mim,
E agora?”

domingo, 16 de maio de 2010

. De braços bem abertos... .



Eu não sei porque sorri sozinha ao lembrar de você falando no meu ouvido o quanto nosso abraço é bom. Eu não sei porque fiquei aflita quando te vi ausente. Eu não sei porque não consegui controlar meus braços que insistiam em te tocar. Eu não sei como virei o rosto quando você veio me beijar. Eu não sei como não ficar feliz ao lembrar dos teus olhos me examinando e devagar dizendo o quanto sou linda pra ti. Eu não sei porque senti ciúmes quando três garotas te agarraram. Ou porque fiquei calma quando você virou as costas para elas ao me ver com cara de brava. Eu não sei porque sinto essa necessidade de te possuir. E de te pertencer. Eu não sei porque você já tem uma música. Eu não sei porque estou sempre de braços abertos quando você chega. Eu não sei porque aguento tua bipolaridade e não desisto. Eu não sei porque de tudo isso. Mas se isso for aquilo que não é pra se entender... Eu estou de braços abertos.. Para você...

"I hope he understands, that he can take this life.. With arms wide open..."
(With arms wide open - Creed)