domingo, 24 de janeiro de 2010

. Só por uma noite, para te esquecer de novo .





“Despreparado, meu coração dá pulo perto de você,
E quanto mais o tempo passa, mais aumenta essa vontade,
O que posso fazer?
Se quando beijo outra boca lembro sua voz tão rouca me pedindo pra fazer
Carinho gostoso, amor venenoso

To preocupado, será que não consigo mais te esquecer?
Desesperado, procuro uma forma de não te querer
Mas quando a gente se encontra, o amor sempre apronta
Não consigo conter
Por mais que eu diga que não quero
Toda noite te espero com vontade de fazer
Carinho gostoso, amor venenoso

Faz amor comigo, sem ter hora pra acabar
Mesmo que for só por essa noite
Eu não quero nem saber, quero amar você
Faz amor comigo até o dia clarear
To ligado, sei que vou sofrer
Mas eu não quero nem saber, quero amar você”

(Abandonado – Exaltasamba)



Pois é Zé. Não aguentei. Sabe como é isso de ficar solteira muito tempo, cansa. Ou você tem muito dinheiro para sair todos os dias e fazer amigos mil e beber um monte para não se lembrar que está sozinha, ou você volta para o passado ou trata de grudar logo num novo amor.
Mas sabe como é né Zé. Eu to sem grana, sem muitos amigos e tava carente não nego. Me sentindo sozinha, precisando de um abraço, um colo quente e um beijo bom. Poxa eu tava sozinha num sábado a noite Zé. E ele também. Que mal teria?
Eu não sou de ferro né Zé. Não tenho lá super poderes de proteção ou daqueles que me mantêm aquecida sozinha. Eu quero me sentir quente e protegida nem que por uma noite.
E daí começa a passar um filme que eu adoro. E o sofá é pequeno. E consequentemente ou ele deita do meu lado ou no chão. E no chão não dá né Zé.. E de repente eu sinto arrepios e frios na barriga e calor no corpo e vontade e medo e saudade. Ele me olha com aquela cara de anjo saído da nuvem. Sabe anjo recém formado? E não pede nada. Ele só me dá. Dando ele sabe que recebe. Eu disse já que tava carente Zé? Eu daria tudo que ele quisesse aquela noite. Tudo por um pouco de alguma coisa. E daí Zé, já que não tinha lá muita coisa pra dar, dei o resto que tinha, dei o pouco de tudo que sobrou de mim.
Sei que Zé, quando vi, já éramos um só. Com a mesma paixão, desejo e amor que antes. Só que mais cautelosos, maduros, cheios de saudade, mas cuidando para aproveitar todo aquele pequeno momento e não perder nada. Cuidando para ser bom. Cuidando para não acabar. Cuidando para não nos machucar.
E não é que o pouco de tudo de mim ainda sente coisas? Não é que não tá lá tão oco assim? Senti Zé. Senti meu coração disparado e o dele querendo saltar do peito. Senti aquele colo sabe? Aquele da onde eu nunca quis sair mais nunca pude ficar? Aquele que se encaixa tão certinho que me dá náuseas, sabe?
Quando vi Zé tava amanhecendo. Da frestinha da janela entrava um ventinho que acalmava meu pavor. Não podia ter sido tão bom Zé. Porque daí eu já nem queria mais ir embora. E já eram 7 da manhã. Daí lembrei que o certo era não ter hora pra amar né. Pode ser antes, depois, cedo ou tarde demais.. Pode ser por um minuto, um dia ou uma vida toda. O amor sempre acaba entendendo. E até acho que paixão também tem amor sabia Zé? Então ele tava lá..
Bom daí tinha que vir embora né. Mas nossa Zé, aquele colo tava tão bom que eu queria dormir ali sentindo ele respirar pertinho. Ou então eu nem queria dormir pra poder viver esse dia todo sem fim com ele. Queria que ele fosse trabalhar e voltasse e me encontrasse ali feito um bebê dormindo. E me trouxesse café na cama sabe, como antigamente? Ah era tão bom né Zé. Meu pedacinho de paraíso né.
E sabe o que é pior de tudo Zé? Que eu gostei. Gostei e queria mais.
Mas como tudo que é bom dura realmente muito pouco, ele me trouxe embora. Me deixou com aperto no coração e, apesar do sono, com insônia. Me deixou com a música que tava tocando no carro que dizia que teria que esquecer de novo. Algo como por que voltar se eu tava legal, sabe Zé? Me deixou com o perfume e o gosto dele Zé. E quem disse que o cheiro saiu! Tomei banho e nada Zé. Eita vontade doida viu. Mas daí ele foi né. Como tudo que um dia chega, ele foi embora.


“Vou ter que te esquecer de novo,
Vai ser como antigamente...”

(Te esquecer de novo – Pixote)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

. Nem começou e acabou .



E assim mais uma história termina. Não como meus tão queridos contos de fadas, mas como tudo que começa e um dia acaba...

Acabou assim, sem quase começar na verdade. Começou assim, já prevendo o fim. Apenas eu né que, como sempre, prolonguei tudo isso. Fiz planos e até quase casei com ele.. Em meus sonhos.

Acabou como começou, com uma mensagem de texto e um e-mail escrito entre lágrimas amargas, antes de saudade, hoje de tristeza.

É.. A tristeza sempre chega. Ela não se agüenta em ficar só no meu peito e sai. Do jeito mais puro, que nem ela merece.

Acabou como essas minisséries que não tiveram lá muita audiência acabam. Não deixou CD com trilha sonora, álbum de fotos, filmes ou cartas. E eu ainda lembro do nome dos protagonistas mas logo farão outros papéis e ei de esquecer..

Acabou como tudo que se desgasta acaba. Vai diminuindo, diminuindo, até que some (mas como não sou covarde, não sumiria) ou até que tem sua explosão final, como fogos de artifício, e depois desaparece... Por vezes restam cinzas, outras não. E eu espero que tudo se vá com ele desta vez.

Acabou até como uma morte. Onde a gente não tem nem chance de se despedir. Apenas fala tchau, respira fundo, fica um ou dois dias de luto e depois segue em frente.

Acabou como o sonho mais doce da padaria, ou você come logo e de uma vez, ou vem alguém e leva. Não que alguém já o tenha levado, mas eu só tive a chance de experimentar o sabor dele uma vez.

Acabou como as placas de pare que passaram por mim nessa rodovia. Até que uma delas deu numa estrada sem saída e ou eu virava ou me espatifava no muro.

Acabou como o lápis ruim de escola. Por mais que você, sozinha, se esforce para mantê-lo apontado, ele, como se tivesse vida própria, quebra toda vez. E um dia, de tanto apontar, ele acaba. Não porque você quis, já que aquele lápis fez com que você se inspirasse umas vezes para escrever umas poucas linhas, mas porque seria o rumo natural de um lápis muito apontado.

Acabou junto com as mensagens, os e-mails e esse vazio que eu carregava aqui dentro, mesmo sabendo que ele também estava ali.

Acabou porque eu cansei de esperar, achei que era hora de saltar para um lado do muro e “chutar o balde”, como dizia um amigo.

E assim, saltei, chutei e fui!

"(...) Minha vontade é que ele me pergunte se quero um pouco de chá gelado e se eu gostaria de ver um dos seus filmes estirada nas grandes almofadas... Eu mais uma vez me pergunto como é mesmo que se faz a coisa mais profunda do mundo com total superficialidade. Como é que se ama sem amor? Como é que se entrega de dentro de uma prisão? Nunca soube."

(Tati Bernardi)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

. aaaaaaaaaaaaargh .




Ele me deixa confusa. Num dia o quis como ninguém. No outro o odiei com todas as minhas forças e amaldiçoei o dia em que nos conhecemos. Depois o perdoei e o desejei para curar minhas feridas e sanar minha carência. Hoje me mata com esse sentimento possessivo que fez surgir quando descobri que tem outra. Logo eu que tantos já tive depois dele. Agora me faz ficar revendo nossas fotos, ouvindo de novo as canções que me fazem subir pelas paredes. Ah.. Esse desespero.. Quem entende!

"Então, o desespero, o desespero é justamente não existir um corpo inteiro que se abrace. O desespero é, principalmente, não se ser um corpo inteiro para abraçar. É nunca aprender porque não ensinamos. É nunca copiar porque não estamos. A queda que ninguém segura e nem a gente mesmo. O desespero é, sobretudo, não desistir, não acabar, sequer ser queda. Sequer ser desespero. Desespero é nem isso. Ainda não ser, ainda não ter, ainda não não."

(Tati Bernardi)

. Amor de praia .




Acordei e me vi vazia de você. Depois de uma madrugada dirigindo e me deixando a beira da loucura por ficar tanto tempo longe dos teus abraços, tudo o que eu mais queria era uma noite de sono tranqüilo ao seu lado como todas as últimas três. Depois de um final de ano maravilhoso e um começo pulando ondas com você, hoje eu tenho que me contentar em ouvir as músicas que marcaram e te buscar na blusa que ficou comigo, no ipod e no colírio que você esqueceu na minha bolsa.
Por tantos dias eu quase morri de carência, por tantos dias eu quis um colo quente para dormir, um beijo doce para me acordar e uma voz suave para cantar as músicas em inglês que eu tanto gosto no meu ouvido. E por cinco dias tive você... No começo achei que a viagem seria mais uma cilada e me deixaria ainda mais deprimida. Achei você cuidadoso demais, legal demais, risonho demais, fofo demais, engraçado demais e com brilho nos olhos azuis demais. E cansada de ter tanto, de tentar tanto, eu pensava no que uma amiga havia me dito. “Goste menos, queira menos”. Então você era mais do que eu podia. Era tudo que eu não devia querer. Mas já que isso de “querer não é poder” nem sempre dá certo, eu logo me vi ganhando cócegas, rindo e de repente, pronto, eu estava em você. Um beijo quente, numa noite cheia de brisa com cheiro de mar, a lua cheia iluminando tudo. E mesmo a gente perdendo no truco, você foi uma boa dupla, mesmo eu não sabendo os sinais, eu nunca sei...


Meia-noite do ano novo. Você me abraça como quem não sabe se deveria. Abre a garrafa de champagne com as nossas tacinhas de plástico e por um segundo eu me sinto realizada. Você pulou tuas sete ondas comigo, e de repente nada fazia sentido. Eu não sei o que você pediu, mas me vi feito boba te olhando rir quando uma onda se aproximava. E mais boba ainda quando me beijou como se teu pedido tivesse sido atendido.

E mesmo um pouco bêbado na balada, você pareceu tão sincero quando disse o quanto sou linda, o quanto é fácil ficar “gostandinho”, o quanto tem medo e não sabia se podia ter ciúmes de mim. Pareceu tão sincero quando disse que minha voz é bonita e que eu fico ainda mais bonita quando me arrumo para você. Tão sincero que me deu medo acreditar ou dizer algo em troca e eu apenas agradeci.

Hoje eu sinto falta da necessidade doentia em escovar os dentes logo após comer para poder te beijar, sinto falta do imã inexplicável que nossas mãos tinham e em como você se esforçava para carregar o que fosse com uma mão, para a outra ser minha e em como se incomodava se eu a soltava para qualquer coisa, mesmo que para prender o cabelo.

Eu lembro do sorriso que surgiu quando você beijou minha barriga na praia, pelo modo como isso foi carinhoso e gentil e me fez perder toda vergonha de aparecer de biquini. De como você não sabia como se aproximar dentro do mar, com tantas ondas quebrando em nós dois e de como ficou aliviado ao me ter no colo e poder me dar abraços e beijos salgados.
Lembro também do ciúmes que fez despertar em algum lugar aqui dentro, de como eu queria te ter só para mim e de como qualquer coisa que desviasse sua atenção de nós dois me incomodava.
Lembro do quanto foi forte a tristeza que me bateu quando você disse que era um amor de praia e eu logo lembrei daquela música do Jammil que diz “amor de praia não sobe serra”, e de como mais rápido ainda te perdoei ao ouvir você cantar “back to you” pra me fazer dormir.

Adoro o jeito como você parecia precisar de mim, como vinha parecendo um gatinho se aninhando no meu peito. Como sem porquês me olhava e sem querer sorria.. Como isso era simples, tão bom e iluminado...

De tanto lembrar e adorar você, me vi como aquelas crianças que se perdem em seus pensamentos tentando alcançar de alguma forma aquilo que elas ainda não podem tocar.. De tanto pensar e querer tocar e imaginar e te desejar me permiti sonhar. Com o corpo pesado de quem está cansado de começar, mas com a esperança verde de quem não desiste de tentar continuar...

“Me mata constatar como é ridículo ficar com saudade só de você ir tomar banho.
[...]

Me perdoe pelos meus mil anos à frente dos nossos segundos e pela saudade melancólica que eu senti o tempo todo mesmo sendo nossos primeiros momentos.”
(Tati Bernardi)