Mas que droga!

" Surgiu como um clarão, um raio me cortando a escuridão.
E veio me puxando pela mão, por onde não imaginei seguir.
Me fez sentir tão bem como niguém.
[...]
E fui abrindo portas sem sair, sonhando as cegas sem dormir..
O amor em seu carvão, foi me queimando em brasa no colchão.
E me partiu em tantas pelo chão,
me colocou diante de um leão."

(Carvão - Ana Carolina)

"Eu tô gostando mesmo de você" - ele disse. E eu olhando aqueles olhinhos cor de mel e aquele cabelo bagunçado e as mãos dele nas minhas... Por 5 segundos fiquei sem reação. E se fosse outra época eu teria falado "ok meu amigo, agora quebrou todo o encanto e conseguiu seu alvará de soltura!" Sim, porque pra que continuar com um cara que você já conquistou?? Não, com ele foi diferente. Durante os 5 segundos eu não sabia o que fazer primeiro: agarrá-lo, encher ele de beijos ou chorar de emoção. Então eu só disse "Mas que droga!" E em menos de 5 segundos várias expressões passaram pelo rosto dele, acabando em uma carinha confusa linda.. "O que é uma droga?" "Também tô gostando de você" Pronto! Corte os pulsos agora sua doida! E a muralha no coração? E o "fechada para balanço"? E todas as lágrimas que você chorou? É, porque se você se abrir de novo para o amor, corre o risco de chorar outras tantas..
Blah! Quer saber? Que se dane! Mesmo se sofrer, estarei andando para frente! O duro é quando a vida passa por você e você não passa. Fica ali, parado.
E então ele quebrou minhas pernas, com uma mistura de ofensa, espanto e tristeza ele disse: "E gostar de mim é uma droga?" "É!" Eu queria gritar! Uma droga porque vicia, porque me trás o tal do medo! Uma droga porque sem, eu fico com tremedeira e quando estou perto é como se meus sentidos não me obedecessem e só me levassem na sua direção. Uma droga, porque como todas as drogas, causa dependência, poxa comigo? Eu que sempre lutei tanto para ser independente e livre. Mas que graça teria a tal "liberdade" sem você agora? Eu não quero outra droga. Eu quero essa e quero já!
Mas claro eu não disse nada disso a ele.. No mínimo ele me levaria para um hospício. Porque eu estaria gritando, revoltada depois dele acabar de se declarar.. É, não sou normal. Mas ainda bem que eu me segurei. Aquele silêncio baixou e logo agente parecia um só. Não sei se vocês me entendem, mas uma pessoa "normal", depois de um relacionamento mal sucedido, ficaria fechada, trancada, talvez sairia para beijar qualquer um, arranjar uma cama mais ou menos quente para dormir e pronto. No fim da noite estaria mais uma vez sozinha, achando que perdeu o grande amor da sua vida ( é aquele babaca que só te fez chorar!), querendo devorar uma barra e meia de chocolate e chorar.. denovo.. chorar.. pensando que nunca mais um cara iria lhe olhar e ver aquela mulher pra casar.. pensando que já não tinha mais saída, acabaria ficando pra titia. Porque aquele cara, fez você se distanciar dos seus amigos, parar de sair e de frequentar todos os lugares sociais da cidade. E então era normal você querer curtir uma fossa. Ligar para suas amigas que quase não sabiam mais notícias suas, chorando e gritando que homem é tudo igual, que nenhum presta.
Mas olha só onde estou agora! Me viciando outra vez. Cada vez acredito mais naquele ditado "Ruim com eles, pior sem eles". Fazer o que? Homem é um mal necessário. Eu chorei até me secar inteira, curti a minha fossa, prometi não amar mais ninguém. Palavras..Ah! Como elas são fáceis de se dizer. Olha pra mim!
Cá estou eu, inspirada por um outro alguém. Já! Tão rápido assim! De duas uma: ou eu sou anormal e mais fria do que imaginava ou eu não amei, porque ainda sonho com aquele amor pra vida toda, que nenhum outro substituirá e para alcançá-lo eu preciso ir tentando não é? Bom, as duas respostas são tristes, e a tristeza por ora, tirou férias de mim. Confesso que tenho pensado sobre a primeira. Na verdade uma resposta completa a outra mas..
Eu acho que amei, do meu jeito torto, mas amei. Conservadora e caretona como eu sou, não teria me entregado tanto se não tivesse amado. E também quem sabe o que é o amor? Eu nem vou tentar descrevê-lo. Uma porque não tenho certeza se já amei de verdade um homem (e como será que se tem certeza sobre isso?), outra porque nem os maiores escritores conseguiram colocar em palavras o que ele é, que dirá eu! Mera mortal..
Enfim, com toda aquela pureza angelical, ele me fez perder as armaduras. Tá, tá, ainda restam algumas, mas para elas o tempo é o melhor remédio. Ele com seu jeito todo bebê de ser, desmontou esse coração cheio de cicatrizes. Foi como se meu coração dissesse "tá bom, lá vamos nós outra vez". E eu tenho que desabafar: foram inúmeros os avisos que meu cérebro mandou para o meu coração. Mas o coração tem vida própria né? Ele vai, se joga, não tá nem ai. Ele quer amar, amar e amar. O sofrer ou não é consequência. Eu tô indo, saltando e chutando baldes. Prefiro isso à sair por ai, ficando com um aqui e outro ali. E daí que acabei de sair de um namoro? Agente nunca sabe quando chega a hora certa, o cara certo. E não digo que o lindo seja o certo para mim. Isso eu ainda não sei. Mas quem disse que não pode ser? Tenho que viver, e viver com amor é sempre melhor.

"Pode até parecer fraqueza, pois que seja fraqueza então.
A alegria que me dá, isso vai sem eu viver.
Se amanhã não for nada disso, caberá só a mim esquecer."