domingo, 22 de novembro de 2009

. Domingo cruel .



Das 80 músicas presentes no meu pen drive que acabei de botar no notebook, apenas consegui ouvir uma inteira. Não tive paciência para o som que soa como grito das outras.
Grito este que fala por mim e nem eu mesma tenho me suportado. Um grito triste, melancólico e porque não um pouco agoniante, como quem pede por socorro mesmo sabendo que não terá um salvador.
Meu quarto, que foi arrumado ontem, encontra-se de ponta-cabeça. A roupa da balada ainda está na cadeira que também tem outras que eu experimentei e, como sempre, não ficaram boas. No chão meus urss de pelúcia, fruto de namoros passados, experimentam o gosto da solidão e de serem simplesmente jogados sem provocarem qualquer lembrança em mim. No chão também umasalmofadas coloridas que tentam desesperadamente, assim como minhas unhas rosas, darem um pouco de cor pra minha vida que anda assim.. cinza (que não é preto nem branco). Ainda, atrás da porta, estão meu violino sem utilidade que eu não fui atrás de vender nem jogar fora, uma bandeja para notebook que eu estou com preguiça de pegar e um quadro de rolhas para colocar recados que eu preciso tanto, mas que não arrumei forças para colocar na parede.
A cama desarrumada com dois telefones que não tocam, um celular que parece um bicho morto, uma calcinha para dormir e uma pessoa com o computador no colo, a coluna torta, a roupa do dia todo que está sem vontade de tirar, digitando enlouquecidamente no desespero para encontrar, quem sabe escrevendo, uma luz que a ajude a seguir em frente, a andar para frente, a enfrentar uma nova semana que é sempre tão igual a anterior com um mínimo de dignidade.
Essa mesma pessoa tem quatro provas na semana, para as quais ainda não estudou e precisa de nota. Precisa tomar banho e não consegue levantar da cama. Precisa arrumar o quarto onde em todos os cantos que ela olha não se encontra. Precisa depilar a sombrancelha, bolar uma nova dieta, fazer as unhas do pé e procurar a roupa para amanhã. Mas não consegue porque que incentivo tem? Pra ela assim ta bom, amanhã eu vejo a roupa, daqui a pouco eu tomo banho e emagrecer? Bom melhor decidir a viagem de ano novo antes para ver se vai ser necessário mesmo. Não tem ninguém que vai vê-la nua ou de lingerie para quem ela pudesse se cuidar e se exibir.
A internet cai a toda hora. Cai e volta. Sem dar tempo nem de postar alguma coisa ou pesquisar alguma foto para colocar no post. Cortando qualquer coisa que seja contínua demais a ponto de cair na rotina. Quase como a pessoa que está tentando conseguir manter uma conversa que tenha começo, meio e fim no MSN.
Por mais que eu queira fingir que não entendo, achar que não sei qual é o problema, não tem como. Eu sei o que é, exatamente onde está e não, não sei como resolver. É essa falta de alguma coisa. Esse vazio de não sei o que. Essa vontade de comer um prato que ainda não conheci. Essa loucura em querer pular, saltar, de alguma forma sorrir simplesmente por encontrar isso que ainda não tem nome.
Falta-me alguém que será meu mundo por simplesmente existir e permitir com que eu durma tranqüila mesmo nas noites mais escuras e sombrias.
Falta-me alguém que me ajude a encarar esses dias chatos e frios. Porque eu cansei de ter que enfrentá-los sozinha ou com a ajuda de um ou outro step que às vezes supre essa falta por umas horas,que funcionam como um remédio pra dor que dentro de duas, três, algumas horas perderá o efeito e fará com que a dor volte.

Chega. Por favor. Alguém avisa pro cara que canta “How to save a life” que eu ainda não arrumei um jeito pra isso e que ele gritando no meu ouvido não ajuda. E ainda pro outro que berra “Never to late” que sim, já é tarde pra qualquer coisa e que eu quero desistir e jogar a bandeira branca. Os domingos sempre são deprimentes mas hoje ele está especialmente mais cruel.

“E eu continuo andando por aí, em pé com minha tristeza. Mas minha sombra está de lado, deitada no chão. Talvez porque assim esteja minha alma. Talvez porque isso seja viver, para quem é de verdade, para quem pensa um pouco, para quem sente um pouco, para quem lê jornal de manhã.”
(Tati Bernardi)

Um comentário:

  1. Ai cara.. perfeitooooooooooo...

    estamos REALMENTE sentindo a mesma coisa, uma preguiça de realmente ter fé que as coisas se arrumam e alguem de repente chega...

    e este prato q nunca é o q eu quero comer... ou eh salgado demais, ou doce demais, ou muito quente, muito frio, muito qq coisa que nao quero nem pensar em comer... entao a gte fica aqui e espera, afinal, ha o que se fazer? =/

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